São Paulo - O forte apelo das promoções resulta em compra por impulso para 35% dos consumidores das classes C, D e E, segundo levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).
O resultado, que fica a cima da média de todas as camadas da sociedade (33%) é o reflexo do poder das grandes ações das liquidações e ações promocionais dos varejistas, mas sinaliza também a importância do lojista mensurar bem quais são os produtos que devem receber descontos. "Escolher quais itens podem ser vendidos com preços menores é um desafio constante no varejo, já que muitos empresários têm dificuldade na precificação e acaba por ter prejuízo com as promoções", resume a professora de finanças empresariais e especialista em varejo, Suzana Lima Coutrin.
O poder da promoção, segundo a CNDL, é ainda maior ente as mulheres (38% compram por impulso quando há descontos), na faixa etária entre 18 e 34 anos (42%).
Ainda com relação a práticas consumistas, 42% dos clientes que responderam à pergunta costumam comprar parcelado para conseguir comprar tudo o que querem, enquanto quatro em cada dez (40%) não procuram meios alternativos para economizar em saídas ou baladas, como reuniões em casa ou na casa de amigos.
O educador financeiro do SPC Brasil e do portal Meu Bolso Feliz, José Vignoli, diz que, principalmente devido à recessão, é preciso administrar o orçamento pessoal com cautela. "Estamos no início do ano e, ao que tudo indica, ainda teremos dificuldades em 2017. Portanto, é importante controlar os impulsos de consumo e evitar locais e situações tentadoras que favoreçam compras desnecessárias", avalia.
O mesmo vale, segundo Suzana, para o varejista. "Fazer promoções em produtos que ainda não foram pagos pode gerar um grande desequilíbrio no fluxo de caixa", comenta
Apesar de uma parte considerável dos entrevistados admitir ter atitudes consumistas, o estudo indica que a maioria dos consumidores diz adotar práticas colaborativas ou conscientes com o objetivo de economizar. Oito em cada dez (78%) fazem em casa serviços que poderiam ser contratados fora, como cinema, lanches, manicure e pet shop, 74% utilizam transporte coletivo ou caronas (principalmente as mulheres, 80%, e as classes C, D e E, 78%), e 51% vão aos lugares a pé ou de bicicleta para poupar com transporte (sobretudo entre as classes C, D e E, 55%).
O papel da crise
Segundo a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o mau momento da economia estimula essas atitudes, que são estratégias capazes de fazer com que o orçamento renda mais. "Abrir mão da comodidade de contratar um serviço fora de casa, ou de gastar com algum item supérfluo, pode ser a diferença entre o equilíbrio e o desequilíbrio financeiro. É importante que o consumidor faça a distinção entre o que é necessidade e o que é desejo, e, nesse segundo caso, tenha clareza de quanto ele pode gastar", afirma.
José Vignoli comenta que a adoção de práticas de consumo colaborativo é essencial. "As atitudes individuais podem fazer a diferença. Nos grandes centros urbanos, por exemplo, a utilização de meios de transporte coletivo ou alternativo faz toda a diferença", finaliza.
Luiz Antonio de Lima e Diego Lima da Planefisco Consultoria Empresarial,
Em São Paulo (SP)