São Paulo - Apesar de registrar o segundo ano de queda consecutiva na geração de empregos formais no comércio atacadista do Estado de São Paulo, a tendência, segundo a FecomercioSP, é de uma estabilização nos números para o setor em 2017, com projeção de retomada a partir de 2018.
De acordo com o assessor econômico da entidade Jaime Vasconcellos, a geração de novos postos, no entanto, está condicionada a volta do consumo. "O que impede que os empresários façam contratações é o caixa muito baixo. Se as vendas continuam em patamares baixos, eles têm muita dificuldade de contratar. O consumo das famílias e as vendas seguem retraídos pela inadimplência. A conjuntura econômica é responsável pela criação dos empregos formais", alerta.
A pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) sobre a geração de empregos no setor atacadista na região paulista detectou que no período de 12 meses, entre fevereiro de 2016 e janeiro de 2017, o nível de postos formais caiu 1,4%, saldo equivalente a 7.082 trabalhadores a menos.
Em janeiro de 2017, a FecomercioSP registrou uma queda de 854 empregos formais em comparação a dezembro. O economista informa que o atacado tem suas vertentes e a tendência é de estabilização para o ano: "Os fechamentos de postos de trabalho ficarão mais amenos, de uma forma não tão negativa. Precisamos parar de cair, para estabilizar e voltar a crescer. Vamos ter uma recuperação em 2018, que vai ser iniciada no segundo semestre de 2017", discorre.
Com 204.482 trabalhadores formais, a cidade de São Paulo é responsável por 41,6% profissionais da área no Estado. Entre demissões e contratações, a capital paulista gerou 2.995 postos a menos no comparativo de 12 meses. Dentre os 16 municípios abordados no estudo, Jundiaí, Ribeirão Preto e Guarulhos obtiveram os melhores desempenhos: saldo positivo de 4,6%, 1,2% e 0,8% respectivamente.
Terceirização
Aprovada na Câmara dos Deputados na última semana, aguardando apenas a sanção do presidente Michel Temer, a lei da terceirização regulamenta e permite que as empresas terceirizem todas as suas atividades. Questionado sobre como esta decisão irá incidir no setor varejista, Vasconcellos admite que 'ainda é cedo para realizar projeções', mas vê a decisão como positiva: "[A terceirização] dá segurança jurídica para as empresas e a possibilidade de contratar serviços especializados de outras empresas, para aqueles setores onde elas não têm uma mão de obra [qualificada]."
Segundo o economista, caso seja sancionada, a lei não será um agravante para as contratações pelo regime de carteira assinada. "Não vejo empresas demitindo trabalhadores para contratá-las como 'Pessoa Jurídica'. Isso seria uma 'pejotização', e isso é ilegal. Lembrando que não estamos falando em momento algum que ele vai alterar seu registro de trabalho. Esses trabalhadores estarão resguardados pela 'CLT' por outra empresa", comenta.
Vasconcellos ainda alega que a terceirização dará possibilidade maior para que os empresários saibam reconhecer o 'custo real do trabalhador', principalmente nas pequenas empresas. Além disso, para o economista, a decisão trará mais flexibilidade, menos burocracia e mais produtividade para as empresas e o mercado de trabalho.
Por segmento
Apesar dos tempos de recessão econômica, alguns segmentos do varejo conseguiram se sobressair ante a crise. Dentre as dez atividades analisadas pelo estudo da entidade, os setores de "energia e combustíveis", alimentação e a indústria farmacêutica registraram variação positiva de 5,6%, 2,4% e 0,3% respectivamente, entre fevereiro de 2016 e janeiro de 2017. Além destes, Vasconcellos observa que atividades que dependem do crédito para aquisição de produtos são as que mais sofrem, como o comércio de imóveis e eletrônicos, setores que deverão demorar mais para contratar.
Luiz Antonio de Lima e Diego Lima da Planefisco Consultoria Empresarial,
Em São Paulo