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31 de MAR de 2017

Corte de gasto e dados frustrantes não tiram confiança na retomada

Fonte: Valor
A queda do varejo e dos serviços em janeiro afastou a possibilidade de um primeiro trimestre mais positivo para a atividade, embora economistas continuem a avaliar que o país deve voltar a registrar pequena alta do Produto Interno Bruto (PIB) no período, depois de oito trimestres consecutivos de retração, por causa do forte crescimento do setor agrícola.
 
O restante do ano, contudo, deve ser mais benigno, já que os efeitos defasados da queda dos juros e da alta dos termos de troca devem ganhar tração. Para economistas, o anúncio feito na quarta-feira pelo governo, de corte de R$ 42 bilhões em despesas do Orçamento e fim da desoneração da folha, não ameaça essa avaliação. Para eles, houve até uma surpresa positiva, já que a equipe econômica não anunciou alta horizontal de tributos.
 
Por enquanto, contudo, os primeiro indicadores de atividade do ano não trouxeram boas notícias. Além da queda de 0,1% do setor industrial, o ramo de serviços encolheu 2,2% em janeiro, enquanto o comércio varejista caiu 0,7%, sempre em relação ao mês anterior, com ajuste sazonal.
 
"Os dados de janeiro surpreenderam para baixo, mas por outro lado ainda temos notícias boas do setor agrícola, especialmente da parte de grãos", diz Alessandra Ribeiro, economista e sócia da Tendências Consultoria. Por isso, ela não deve mexer, por enquanto, em sua estimativa de alta de 0,1% do PIB do primeiro trimestre.
 
A alta se baseia na projeção de forte crescimento da produção de grãos, que não foi ofuscada nem pelos efeitos da Operação Carne Fraca sobre o setor pecuário, afirma Alessandra. Além disso, a indústria também dá sinais mais positivos, com estimativa de crescimento de 0,5% em fevereiro, já que indicadores antecedentes subiram no período.
 
Para Marco Caruso, economista do Banco Pine, sem a contribuição do setor agrícola, provavelmente o PIB do primeiro trimestre ainda seria negativo. Ele projeta alta de 0,2% da atividade entre janeiro e março e chegou a ter um viés de alta para a estimativa, o que ficou bem menos provável com a divulgação dos dados fracos de janeiro. "Quem tinha um número mais positivo para o primeiro trimestre pode ter que dar um passo atrás", afirma.
 
Saindo do curtíssimo prazo, porém, ainda não há motivos para avaliar que a recuperação da atividade não vai acontecer nos próximos trimestres, avalia Caruso.
 
A aposta de números melhores nos próximos meses se baseia principalmente na evolução positiva de duas variáveis: a queda da taxa básica de juros e o aumento dos termos de troca do Brasil com o exterior.
 
Para Alessandra, da Tendências, esses fatores operam com defasagem, mas sugerem retomada gradual da atividade nos próximos trimestres. O risco, diz, é o processo de desalavancagem de famílias e empresas ser ainda mais longo do que se esperava. "Se os dados continuarem a patinar, é sinal de que esse movimento ainda não terminou", avalia.
 
Para Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos, a política monetária tem efeito potente sobre a atividade econômica, que pode até mais do que compensar a decisão do governo, anunciada nesta semana, de terminar com a desoneração da folha de pagamentos para quase todos os setores contemplados. O alívio no custo financeiro e a regulamentação da terceirização, afirma, devem significar um alívio de custo até maior do que a perda que as empresas terão sem esse benefício.
 
"Ninguém esperava rápida recuperação do mercado de trabalho, então acho difícil comprar o argumento de que a reoneração vai postergar contratações", concorda Alessandra, da Tendências.
 
Além disso, comenta Caruso, o anúncio do governo veio acompanhado de uma notícia positiva. Em vez de alta de tributos, o governo optou por um corte maior, de R$ 42,1 bilhões em despesas do Orçamento, considerado "desafiador". A opção em concentrar o ajuste no lado do gasto, diz, tende a ter efeitos secundários mais benéficos sobre a atividade econômica do que elevação de impostos, segundo estudos do FMI. Por sua vez, a elevação de carga tributária seria mais complicada, tanto do ponto de vista econômico quanto político, diz.
 
Luiz Antonio de Lima e Diego Lima da Planefisco Consultoria Empresarial,
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